segunda-feira, 8 de junho de 2009

ilhada II

Tenho de me ajoelhar, pois algo esperneia em meu peito. Não, não lhe possuirei antes do amanhecer, emaranhou-se em minhas entranhas e agora grita por socorro. Perdeu-se dentro de mim? É isto que quer dizer?
Talvez lhe faltem feridas incuráveis destruindo, perfurando como pregos à pele teus sentimentos, vazando todo o excesso, até restar somente o amor que andava solto demais, enfermo e cambaleante quedando em qualquer porta.
Acorrentarei tuas artérias paralisando teu sangue até quase não restar vida, para então, transpor a minha na tua. Tentar edificar um corpo com nossos restos ainda pulsantes.
E amanhecerá meu amor, haverá muita luz no pouco verde das ruas; é a tua paz inundando o quarto e além.
Haverá ao teu lado, uma carne morna e braços como torres sob tuas quedas e asas nos teus saltos. Irá chorar de amor ao ler algo mal escrito no espelho, com um batom velho na manhã. E depois fará amor comigo, nos olharemos nos olhos, e em meu lânguido corpo branco, se espremerá, abandonando sua face exausta em meu colo, tragando meu cheiro de hormônio, ânsia e entrega.
Acordarás cedo, notando as feridas eróticas do amor, deixadas em brasa vibrando em misericórdia, para cuidá-las como nunca antes, porque eu as fiz com a violência senil do meu querer, do pudor que não tive nada tenho além de palavras e versos que lhe fazem dormir, latência e orgulho por eu ser tua e você, meu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário