segunda-feira, 8 de junho de 2009

“je ami, petit doceur... mon ame te, mon liesse, mon soleil...”

Era impossível dormir, apesar da exaustão que se instalou em nossos corpos. O meu, estava febril, era o teu suor perpetuando-se na minha carne. Você estava entregue como eu, tuas mãos errantes nos meus cabelos, o tempo havia parado ali, conosco.
Dos meus olhos enxergava o teu umbigo, teu quadril estreito, cheirando a saliva deixada por minha língua, que ainda conserva o teu gosto. Era como se me tivesse parido há poucos instantes, após muito sofrer, e eu nasci, explodindo num gozo. E então me dei conta, de que tudo o que precisava a partir daquele momento, era estar ali, inerte, silenciosamente abandonada àquele homem, que me semeou dentro de si e, quando pronto, me expeliu consigo mesmo vivendo em cada vão do meu corpo. Em cada poro havia derramado a sua lei, bebi da tua boca o que mais tarde seriam os meus sorrisos e foi pelos teus olhos que os meus, tão próximos, aprenderam a derramar tórridas lágrimas tão doces.
Permanecemos ali, na eternidade que cada minuto buscava no desejo senil que tínhamos de jamais permitir o amanhecer daquela noite.
Até perceber que na verdade, havíamos escolhido dormir para sempre e assim, somente acordar, eu nos teus olhos e você nos meus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário