quinta-feira, 4 de junho de 2009

sorria coração

Eu estou distante, oh sim, estou fugindo, tentando partir para marte, plutão, que não tenha ar nem água, que não tenha faces que me obriguem a olhá-las e conviver com elas, que sejam proibidas as lembranças, isto mesmo, como uma espécie de paraíso, uma espécie de água com gás que se toma antes do café, algo que me drogue ou que me aborreça ao ponto de me dopar, pra ver se eu entro de uma vez nessa onda de felicidade vã. Mas que resolve, idiotas resolvem, pensar é letal, veja bem, envelheci, sou avó sem netos, um vazio como aqueles lagos que secaram e ninguém se lembra deles, da água que deu de beber, sua saliva, sua vida, suas lágrimas. Pois é, apodreça que o teu doce não açucara tanto, não é presente de reis e rainhas, é bolor, é verde e fétido como aquelas paredes horríveis do meu quarto que convalesceram há tanto tempo e ainda insisto em guardar-me ali. Basta, é somente carne, ou somente osso, sem vida, que vida, que isso, já passou...
Já passou o sentimento inerte, silencioso, covarde, maldito súdito queimou a minha cara orgulhosa, o meu brio, desgraçado, nunca mais rastejo por você. E ainda que sem escolhas eu vá parar de encontro a uma parede, que me espanquem, arranquem as vértebras, levem tudo, Deus como poderá isto se repetir novamente?
Realmente, nunca entenderei que tirará você dos teus feitos grandiosamente vazios, estes seios fantasiosos, fartos desta realidade infantil que você criou, infelizmente docinho, não existe haver sem dor, sinto muito, irá padecer crua, mórbida e fria, porque tem medo de renascer sem a covardia ridícula que você insiste ser defesa.
Defenda-se, evite tudo o que pode retirar esta sua superioridade que só existe nos teus olhos, afaste-se do que lhe faz desacreditar do conto de fadas da tua cabeça, desta redoma inútil que te faz fechar os olhos para não sofrer, te faz silenciar para dentro de si mesma, cuidado para não escorrer, você não vai escorrer, não te deixam, esta frieza programada já alastrou até o coração, e você não se envergonha de ser pueril, Deus, tenha piedade!
Prontifique-se a esquecer a minha loucura, ela vai para longe, vai pescar peixes os quais não pode comer, a tua carne tinha veneno e eu o bebi, suguei teu sangue e talvez seja por isso que você secou desta forma. Mas vai ver, engordará como um porco na ceia, um animal selvagem e ignorante cheio de si, vai assar como um franguinho e lamberão os dedos, satisfeitos pelo teu fim.

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