terça-feira, 9 de junho de 2009

fancy

Haviam refletidas nas paredes as três. Uma delas a caveira. Outra a fada. A terceira, o alvo. Eu estava disposta atrás do vidro translúcido. Bonnie Prince ecoava de um beco próximo e o espelho era inquebrável. Notícias num jornal velho recém amassado e atirado por uma. Quase se esfacelou em cacos de esforços demasiados, a menina nada mais tinha além de osso e pele; Marcas de piercing e tempo. Angelical era a outra que não lia. Imóvel feito cera fria, uma porcelana abrigando um quebranto. O alvo. Havia uma outra listrada como uma mira centrípeta, um impulso de voracidade, o derramar de um rio de gozo, um pingo resoluto em tons ferormônios. Fundiu minhas têmporas com a solda escaldante daquele olhar e ao redor sumiu. Havia um solilóquio mental que transcorreu até ela. Não estava ali. Queria ser a chuva e derramar o ácido corrosivo. Ela estava entrelaçando um folhetim vitoriano roubado e o havia lido três vezes. Reviveu o transpassar daquela afunilada mente ao ler o poema e seu nariz escorria. Fragmentos de inferno salpicavam e um moinho de teorias anti-cristo esmiuçavam a seu deleite. Ela escorreu na sarjeta cuspindo as últimas considerações. Sabia ser o mártir, tinha de se livrar de uma caveira e uma fada. A caveira estava morta. A fada uma farsa. O balaústre do coreto serviu de abrigo, pão e sono. Não queria o metro morto e surreal, o emaranhado atordoando, ela estava em Nova Iorque. O metrô partiu e havia um decalque nas paredes metálicas. Dela só restou a sombra. De mim o monólogo.

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