quinta-feira, 4 de junho de 2009

mEUrda

Eu estava bem de manhã (...)
O dia tem mais luz, sedante, engana qualquer tolo. Estou destroçada agora. Havia me esquecido da plena e fresca merda em que sempre residi. Aí você me fala sobre relevância, preponderância, mesmo que às vezes Clara, sabe, esquece que não dá pra emergir desta sujeira - um pontinho de luz na lama como uma pérola.
Eu te digo que cada um nada no seu monte, e se a tua merda está seca, tente fugir.
Mas poupe-me desse otimismo vesgo, você já está grandinho demais cara, pra esse moralismo salpicadinho de esperança, isso não existe. Faz tempo que todo mundo sabe, pandora só libertou o medo e é dele que proliferam estas jóias de vidro ai que se combinam em “tentar consolar o inconsolável”, toda essa porcaria de felicidade já pronta e tabelada.
E ainda tenho que acordar e assistir pessoas e maxilares doloridos de rir, essa dor é a vazão para não sucumbirem em covardia. Não, não sou forte, este é o problema. Não quero vencer a merda, não dá, tenho vontade de morrer ao mirar no espelho imagem tão fodida.
Quero que ela me cuspa traumatizada daqui, por talvez eu ter perfume demais, mas ela não fará isso, abro a boca e o chorume escorre latejando, denunciando-me inevitavelmente. Então, ela me compreende, tão merda que é, e me faz sentir sua continuação, assim, perfeitinhas para o mundo(?). Pois saiba que ninguém possui nada daqui, sequer a si mesmo; se ao menos entendessem a cólera e a contemplassem como frutos ainda verdes, seriam menos vagos-propriamente-ditos, mas todo mundo tem rabo e medo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário