terça-feira, 9 de junho de 2009

tanto mar

Venha cá minha flor, lhe regarei. E se da sacada do palácio você escorregar até o mar bravo e ondas lhe puxarem como braços sombrios, engolirei toda a água, até lhe ter dentro de mim. Vomitar-lhe comigo. Salvei-lhe e me perpetuei na tua carne, lhe busquei na treva, contemplei a dor, explodi de você, de tanto mar e te foste, com um pedaço grande, não quis sobreviver em mim, mas terminou de erguer os pilares soldados nos meus ossos com desolação e angústia; foi além, cresceu e teu útero me abrigou.
Não fui tua filha nem tua amante. Tenho sido uma porta na tua alma pagã, uma ponte para o caos convalescente aqui de dentro. E os pássaros descosturaram o dia, a noite trouxe livros e trapos meus perdidos em estrelas desconhecidas onde você se escondeu, ainda dentro de mim. Como vou me refazer agora?
Devolva-me, ou abra minha boca e profundezas do meu corpo e adentre tua morada, teu repouso e as vísceras que tanto busca.

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