Poupemos nossos olhares e conversas vazias; cara veja bem, não dá pra continuar, não dá pra querer pra sempre e não ter nunca, diga-me, é tão horrível assim? Querer que me abram, que me chupem olhando nos meus olhos me penetrando silenciosamente, eu gemeria, gemeria muito com lágrimas e saliva por todo canto. Ele poderia muito bem deixar logo de pensar que é velho demais, que sabe demais, tão ignorante assim, como eu.
Hey, querido, há um abismo de tentações entre nós, há umas porras de livros lidos e dissimulados, muita maconha, muita dor. Olha, não precisa mesmo lamentar e ouvir Alicia o tempo todo entre cigarros e café forte, você realmente é velho, velho o bastante para alegar que esqueceu como amar ou que não lhe amam mais, meu, eu sei que isso tudo é este escapismo que te domina e te prende a alguma droga de passado que não quer passar simplesmente porque gosta da tua carcaça que o revive nos teus aniversários.
A princípio, queria ser teu paraíso e o teu silêncio, mas jamais a tua paz transitiva, queria ser o teu vibrador, qualquer coisa que te consolasse e te possuísse. Sinto muito, mas a minha voragem virou amor mesmo, desse que você crê irrefutavelmente que morreu naquele acidente; mando-te uns recortes ou umas revistar científicas para que você não se esqueça que existem ainda oito bilhões e mais tantos seres humanos, tantos zeros que a tua cabeça pobre não entende; que existissem o triplo, eu quero ser a única tua, a tua presença, a tua cinza que você bate tão delicadamente no cinzeiro, ou até aquela merda de baseado que te faz bem.
Foi o teu aniversário e por um milagre divino de Jesusinho aqui, do meu escapulário, você atendeu este seu celular que ainda quebrarei num gozo cheio de murros. Me chame de princesa, delicia, diz que sou branquinha e tenho mil dons, não me importa, mas que droga, eu quero saber de você sem dotes, sem dinheiro sem esperança, quero bater à tua porta e te pegar desesperado, caído na cama esperando a morte.
Só não se importe se eu estiver tão fria e mórbida, se meus olhos estiverem enterrados nestas manchas companheiras, roxas e fundas. Eu não queria que me visse assim, mas são muitas contas e nenhum dinheiro, muito tesão e nunca sexo, e ainda repito, se eu devo ser tão péssima e tão cadente assim. Diga-me, você tem piedade de mim? Você pensa, pensa sobre o que? Talvez deva sorrir no espelho depois de ter cheirado todas e não precisa mais daquele chá amargo e daqueles cigarros que sempre acabam comigo, ou você seja uma máscara perfeita e sólida, fixada a super-bonder, de um super-herói, impossível se desfazer dela.
Bata a porta na minha cara, zombe dos meus poucos anos e do meu amor cretino, senil e a puta que o pariu. Mas se assim for, omita seus refluxos, finja que me adora que sou branquinha, cheirosinha e inteligentinha, me deixa servir pra alguma coisa sem sentido, diga-me que sumiu porque te roubaram, te estupraram e você estava em depressão, qualquer coisa, qualquer mentirinha me convence que sou uma florzinha ou um tempero no teu preto-e-branco mal passado.
Bata, mas bata com toda força tua cabeça, até não se lembrar de nada, nada mesmo, que fique babando ou sempre sério, assim, Supercarente, Superprecisando de uma privada ou uma mão grande e torta como a minha. Onde estão as drogas, amor?
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