sábado, 12 de março de 2011

A busca

Enquanto você disser essas coisas que me dão força, eu continuarei sangrando, longínqua.

Eu continuarei alimentando a fala por dentro, gerando a vida ao revés de todos os dias sem o teu rosto grande. Antevendo o que ninguém sabe como será, o além que eu guardo.

A fonte é inesgotável. O impulso dos passos sem espírito prolonga-se pelo corpo a disfarçar a mecanicidade imprimida no meu cotidiano.

Inexplicável é viver em ebulição. E vivo, e não sei como eu vivo e isso arde nos nervos, esgotando-os e ao mesmo tempo torcendo-os, pois é isto que dá vida ao meu corpo, este segredo, tormentosamente vivo, extravasando: o que eu sinto. Este é o álibi escondido atrás dos olhos, alavanca inquebrável do meu prosseguir alheio, autônomo, pé ante pé, palpitando descalço.

A passos firmes marcho em tua direção com as estantes repletas de saudade e cólera. O andar trôpego, o corpo consumindo; o íntimo intocável, apenas a crescer e multiplicar-se sem fim, estendendo-se pelas ruas, alastrando-se pelas estradas, até encontrar-te a ti: e isso tudo jorrará da boca aberta, o líquido invencível, percuciente untando-te de mim. Nada mais será preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário